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Aviation: o ressurgimento de um clássico pré-prohibition

⍟ Símbolo da coquetelaria em ascensão antes do período da lei seca americana, conheça a história deste cocktail que caiu no esquecimento por falta de um ingrediente indispensável

Publicado em 22 de fevereiro de 2018, às 16h.

Popularizado pelas mãos e obras de Harry Craddock, o Aviation é um daqueles drinks célebres cuja história foi deteriorada com o passar do tempo até quase cair no esquecimento. Um dos principais fatores para essa falta de informação é a ausência de um de seus principais ingredientes do mercado: o crème de violeta. Hoje, com a notória ascensão do gin nos balcões do mundo todo, o cocktail volta a ganhar destaque nos menus clássicos.

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Hugo Ensslin não foi um bartender famoso e não trabalhou em um hotel de primeira classe, mas marcou seu nome na história com o Aviation

Mas vamos aos fatos. O Aviation surgiu pela primeira vez na bibliografia etílica ainda no ano de 1916, descrito no livro Recipes for Mixed Drinks, de autoria do bartender alemão radicado em Nova York, Hugo Ensslin. Ele não foi um barman de destaque mundial e não era head bartender de um bar centenário, mas cravou seu nome na história com o Aviation.

Ensslin trabalhava no Hotel Wallick e, no prefácio de seu livro, dedicava a obra aos funcionários de bar, hotéis e clubes da cidade, para padronização das receitas.

Harry Craddock, um dos nomes mais conhecidos na coquetelaria pós-Prohibition, adicionou o Aviation ao The Savoy Cocktail Book, publicado em 1930. O livro é conhecido por conter grandes clássicos como o White Lady e o Aviation – duas receitas que muitos atribuem a ele, muitas vezes erroneamente.

Não se sabe se por erro de digitação ou propositalmente, o Aviation foi descrito no livro de Craddock sem o crème de violetas, responsável por sua coloração azul-arroxeada e toque floral. Foi a partir daí que o cocktail passou a perder prestígio por dois motivos: ele deixou de ter sua característica singular e, aos poucos, a produção de Crème de Violette foi descontinuada.

GLAMOUR DA AVIAÇÃO CIVIL

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Em 1910, a aviação já dava seus primeiros passos em direção ao uso civil. Eugene Ely decolava de um navio de guerra americano (Foto: Wikimedia Commnons)

Os anos 20 foram marcados pelo desenvolvimento da aviação civil. Figuras como Amelia Earhart, Santos Dumont e muitos outros se aventuravam pelos céus em busca daquilo que hoje é um dos meios de transportes mais seguros do mundo: o avião. Cada vez mais ele se tornava uma alternativa às longas viagens de navio, mas claro, apenas para aqueles que detinham maior poder aquisitivo.

Inspirado no glamour que envolvia a aviação – como esporte e meio de transporte -, o drink foi criado com o azul do céu (Crème de Violette) e um sour à base de gin que combinava suco de limão e o leve dulçor do licor de cereja marrasquino.

Um dos pontos mais importantes no crafting do Aviation é manter o equilíbrio de sabores. Ele não pode ser doce demais e nem insuportavelmente azedo. Por isso, além de manter a proporção dos ingredientes, também é interessante buscar um gin de sabor neutro e robusto. Um boa escolha pode ser o Pymouth Gin.

NA FALTA DO CRÈME DE VIOLETAS

Sabemos o quão difícil pode ser encontrar este ingrediente, principalmente no mercado nacional. No entanto, é possível substituí-lo por outros insumos como os licores Crème Yvette e Perfait d’Amour, além de um syrup de violetas. 

Mas é preciso ter cuidado na hora da escolha. Isso porque o Crème Yvette traz um toque mais adocicado ao drink devido às framboesas, mel, cassis e baunilha que possui em sua composição. Da mesma forma, o Perfait d’Amour é um brandy bastante semelhante ao licor curaçao, utilizado mais por sua coloração arroxeada do que pelo sabor que confere às bebidas. Estes insumos têm a coloração bastante concentrada e são utilizados em pequena quantidade no cocktail (menos de 10 ml).

Vale lembrar a diferença entre crème e licor. Ambos têm base alcoólica e composição semelhantes, mas a diferença mora na viscosidade de cada uma das bebidas. O crème tem mais açúcar e é mais viscoso do que os licores tradicionais.

Portanto, sempre que não tiver um autêntico crème de violeta à sua disposição, opte por um xarope artesanal ou até mesmo industrializado. Mas zele pelo aspecto sour deste cocktail e não permita que ele seja puramente doce.

GUARNIÇÃO É OBRIGATÓRIA?

Não. Embora tenha sido popularizada com o passar dos anos, a presença da cereja marrasquino no fundo da taça cocktail ou coupette não é obrigatória e também não faz parte das receitas originais da bebida (1917, por Hugo Ensslin e 1930, por Harry Craddock).

Afirma-se que as cerejas conservadas no licor marrasquino eram consideradas iguarias e eram consumidas pelos croatas desde o início do século XIX.

Partindo do princípio que as guarnições servem para conferir um aroma e sabor diferenciado aos drinks, a cereja marrasquino levaria mais dulçor ao Aviation. Mas isso não é regra e cabe ao bartender julgar se sua adição vai contribuir para o sabor do cocktail ou não.

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INGREDIENTES

60 ml de Plymouth Gin
15 ml de suco de limão siciliano
10 ml de licor marrasquino
5 ml de crème de violetas

MODO DE PREPARO

Adicione todos os ingredientes a uma coqueteleira com gelo e bata vigorosamente. Por fim, coe para uma taça previamente resfriada. Guarneça o cocktail com uma cereja marrasquino (opcional).

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