A história por trás do Cuba Libre, símbolo da liberdade de Cuba

⍟ Dois países, dois ingredientes, dois sabores distintos unidos em um drink capaz de contar um pouco sobre a história cubana.

Um dos drinks mais famosos da família highball, o Cuba Libre surgiu da combinação das bebidas símbolo de duas nações: Cuba e Estados Unidos. A situação, que parece improvável devido à inimizade entre os dois países que se estendeu até recentemente, deu origem a um dos drinks mais simples e refrescantes da coquetelaria.

José Marti, aclamado como o “Mártir da Independência Cubana”, foi um intelectual, filósofo, jornalista e escritor, responsável pela organização da Guerra que culminou na independência da Ilha do jugo dos colonizadores espanhóis.

Para entender o que está dentro do copo é preciso conhecer o contexto histórico. Em 1895, Cuba era uma das últimas colônias espanholas na América. Há pelo menos 30 anos, a ilha já vislumbrava um futuro independente e seus soldados já participavam de guerrilhas para libertar o país. José Martí, um dos símbolos dessa luta, morreu em combate pelo ideal.

Entre algumas das vitórias que contribuíram para a independência cubana, a maior foi conseguida com ajuda dos Estados Unidos. Em 1898, um navio cruzador norte-americano enviado para dar suporte ao combate, o USS Maine, explodiu no porto de Havana. Na ocasião, os americanos acusaram as tropas espanholas de sabotar o navio.

Mais tarde levantou-se a possibilidade de que a explosão não houvera sido sabotagem, mas um acidente causado pelo carvão para os motores armazenado dentro do próprio navio. Aí já era tarde.

A explosão do USS Maine, que estava aportado na Ilha para dar suporte aos combatentes marcou o fim da tolerância americana durante as tentativas de libertação de Cuba.
Jornais americanos afirmavam que a explosão foi obra do inimigo. “Remember the Maine” se tornou o mote que motivava os americanos para entrarem na guerra.

Os americanos, então, exigiram que a Espanha concedesse a independência a Cuba para reparar o ato, mas não foram atendidos.

Esse foi o estopim para o início da chamada Guerra Hispano-Americana.

Ao fim, venceram as tropas dos Estados Unidos, que tinham um poder bélico e militar muito superior aos espanhóis, que acabaram se rendendo.

POR UMA CUBA LIVRE!

Durante a guerra, americanos e cubanos se uniram pela libertação da ilha. Conta uma das versões romanceadas para sua origem que, certo dia, um grupo de soldados retirados de combate ao final da guerra se encontraram em um bar de Havana.

Entre uma bebida e outra, um capitão teria pedido ao bartender que preparasse uma mistura de uma dose de rum com o refrigerante e uma rodela de limão. Os outros soldados presentes teriam ficado curiosos e foi oferecida uma rodada do drink do capitão a todos eles. Na segunda rodada, um gritou o brinde por uma “Cuba Libre!”. 

Um dos muros mais famosos de La Habana: Viva Cuba Libre!

HÁ CONTROVÉRSIAS

O refrigerante de cola surgiu pela primeira vez como um xarope para curar gripe em 1886, na cidade americana de Atlanta, pelas mãos do farmacêutico John Pemberton, mas só se tornou popular no país ao ter sua patente vendida e tornar-se um refrigerante, no final da década de 1890.

Segundo alguns pesquisadores, a bebida só teria chegado a Cuba dez anos depois, em meados de 1900.

E como a independência cubana aconteceu em 1898, não existiria certeza sobre a presença do refrigerante em solo cubano. Outros afirmam que a bebida já era vendida para o México e Canadá desde 1897, e que a exportação feita desde aquele ano seria uma justificativa para a possibilidade de que a Coca Cola já existisse na Ilha.

História de soldado ou não, fato é que o drink foi batizado com o grito de guerra usado pelos soldados durante as batalhas: “Cuba Libre!

CUBA LIBRE

INGREDIENTES

50 ml de rum Havana Club Añejo 3 Años
100 ml de refrigerante de cola
1/2 limão tahiti espremido
1 fatia de limão
Cubos de gelo à gosto

MODO DE PREPARO

Em um copo highball com gelo, despeje o Havana Club e o suco de limão espremido. Mexa e complete com o refrigerante. Guarneça o drink com uma fatia de limão.

SAMBA EM BERLIM

Apesar de ter sido criada no século XIX, a Coca-Cola só chegou ao Brasil em meados dos anos 1940. Aos poucos, com a sua publicidade forte – principalmente voltada para o público infantil -, foi invadindo o mercado brasileiro e se disputando o lugar de outros refrigerantes consumidos na época, como o guaraná.

Soldados americanos: por onde passavam, deixavam um rastro de Coke. Era comum que o governo enviasse carregamentos do refrigerante aos soldados em batalhas. Na imagem, os americanos consomem o elixir em algum lugar da Europa durante a Segunda Guerra. No encontro com a força expedicionária, teria surgido o “Samba em Berlim”.

Mas na Segunda Guerra Mundial, entre 1944 e 1945, quando nosso país abandonou a neutralidade no conflito e enviou as Forças Expedicionárias Brasileiras (FAB) à Europa para lutar ao lado dos americanos contra a Alemanha, surgiu uma bebida descontraída, com a cara do Brasil.

Entre uma e outra dose do refrigerante que naquela época fazia parte do cardápio dos soldados americanos, os integrantes da FAB tiveram a ideia de acrescentar a boa e velha cachaça de sua terra natal à Coca-Cola, criando o “Samba em Berlim”, nome que fazia referência à atuação brasileira na guerra.

Anos depois, na década de 60, já conhecido nos botecos brasileiros, o drink teve seu nome reduzido apenas para Samba – uma versão verde e amarela da Cuba Libre.

A bebida se popularizou principalmente entre os amantes da cachaça nacional e estudantes universitários da época, já que era fácil e barata de preparar.

CUBA LIBRE OU EL NEGRÓN?

Após a Revolução Cubana em 1959 e a chegada de Fidel Castro ao poder, os Estados Unidos impuseram um embargo econômico à ilha em meio ao contexto da Guerra Fria. Com isso, produtos americanos não puderam mais ser comprados por Cuba. O povo cubano, então, passou a consumir apenas produtos produzidos no país.

Em Cuba, o drink tem outro nome e é feito com outra cola

Na história da Cuba Libre isso tem um significado importante: o drink original já não poderia mais ser preparado, porque o refrigerante americano não pisava mais em solo cubano. Então, para celebrar o patriotismo do país, surgiu o El Negrón.

No lugar da Cola americana, a receita leva TuKola, um refrigerante cubano com vários com sabor de cola, e o rum cubano legítimo. O gosto da Cola cubana é diferente da marca americana, com menos açúcar e sabor mais leve. Na ilha, é costume considerar o Negrón como símbolo da revolução e do fim da segregação racial, ao invés do Cuba Libre. Além do rum, da Cola e do limão, o drink leva também um pouco de mel e açúcar.

Outro superclássico cubano é o Mojito. Descobrimos como ele é preparado na Bodeguita del Medio, em Cuba, e preparamos um tutorial com o passo-a-passo para produzir fielmente esse sucesso mundial. Está imperdível:

Como se faz o Mojito original da Bodeguita del Medio

coqueteleira p

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