Um Dry Martini para Hemingway: as histórias da cidade luz

⍟ Em seu romance de estreia, Fabio Pereira Ribeiro escolhe os bares e ruas boêmias de Paris para narrar a busca de um homem pelo sentido da vida

Publicado em 3 de março de 2017, às 11h45.

Respirar o ar da capital francesa, andar por suas ruas estreitas cheias de história e provar alguns drinks em bares que ainda reverberam o pensamento libertário dos anos 1920, como o Closerie des Lilas e o Harry’s New York Bar.  Foi assim que Fabio Pereira Ribeiro inspirou-se a escrever o romance “Um Dry Martini para Hemingway” (Editora Simonsen).

Escritor e jornalista norte-americano, Ernest Hemingway foi um dos grandes nomes do movimento artístico pulsante que tomou conta da cidade luz e teve entre seus grandes ícones os escritores Scott Fitzgerald, James Joyce, Henry Miller, Ezra Pound e Oscar Wilde, além de músicos e pintores.

A “geração perdida” – termo cunhado pela grande representante e fomentadora do movimento, a escritora Gertrude Stein – não hesitava em se encontrar para festas animadas, cheias de personagens que representavam a loucura parisiense, como a bela Kiki de Montparnasse. Longas discussões regadas a martini – bem dry e no shaked – também não faltavam.

Para Ribeiro, que é especialista em inteligência estratégica e política internacional e vice-presidente de Estratégia e Negócios Internacionais do Grupo Educacional Caelis, lembrar a geração perdida é como falar de amigos íntimos.

Eles participam avidamente da trama que conta a história de Antony Lui, um brasileiro que decide ir a Paris em busca de um sentido verdadeiro para sua vida. Para a sua surpresa, ele encontra em Hemingway um amigo que pode ajudá-lo. Assim como Lui, Ribeiro também é um grande admirador do escritor desde cedo, aos 15 anos de idade, e foi a fundo em sua bibliografia para compor os detalhes da obra.

“Eu li praticamente tudo o que foi escrito sobre ele e fiz uma verdadeira ‘arqueologia’ sobre sua vida. Inclusive isso me ajudou a definir qual o momento dela que mais gostava. E isso me confirmou uma coisa: ele estava certo em adorar sua vida em Paris”, diz.

NOS BARES DA CIDADE LUZ

Um dos hotéis mais luxuosos da capital francesa, o Ritz costumava receber Hemingway. De tão assíduo, o bar acabou sendo batizado com seu nome (Maxwell Barna).

Na cidade que já inspirou tantos artistas, o personagem Antony sai em busca de respostas para suas questões existenciais. Em bairros como Montmartre e Montparnasse faz grandes amigos – alguns de carne e osso, outros nem tanto. Na história, Hemingway volta à vida e tem o costume de frequentar os muitos bares que o homenageiam na cidade, entre eles o que leva seu próprio nome, no hotel Ritz.

Hemingway – ou Papa, como prefere ser chamado – mostra a Antony que a vida precisa ser prazerosa para ter sentido. E nessa busca que dará novos rumos a sua trajetória não faltam jazz, rockabilly, bancadas de bar lotadas e drinks preparados por barmen atenciosos e dispostos a dar alguns conselhos.

Endereço habitual de artistas e intelectuais desde 1847, o La Closerie des Lilas tem uma placa em homenagem a Hemingway – um de seus famosos clientes.

Os bares parisienses, inclusive, foram a estação de trabalho de Ribeiro durante grande parte da produção do romance. “Escrevi 90% do livro nos mesmos locais em que os personagens viviam e escreviam, principalmente no Closerie (des Lilas) onde Hemingway também redigiu seu primeiro romance ‘O Sol Também se Levanta’”, conta.

Para o autor, Paris tem uma coquetelaria que mistura o encanto dos antigos barmen, como Jimmie “The Barman” Charters – cujas memórias estão eternizadas no livro “This Must be The Place” – e da moderna coquetelaria, que traz drinks autênticos e diferenciados.

As cidades de Lourdes (França), Assis e Cortona (ambas na Itália), que também têm espaço na história, foram escolhidas pelo autor por questões sentimentais. Alguns capítulos do livro foram escritos no trem com destino a elas.

UM DRY MARTINI, POR FAVOR

Um dos favoritos de Hemingway, pode-se dizer que também que o Dry se trata de um dos principais personagens da trama.

O drink está presente em quase todas as cenas, participando de momentos de reflexão de Antony Lui, encontros com Papa e outros escritores, além de conversas provocantes com sua amiga Claudia.

E a afinidade com Fabio Pereira Ribeiro também não poderia ser diferente. Ele conta que em uma tarde enquanto escrevia no Harry’s New York Bar, teve uma prova disso.

“Cheguei após às 18h. Sentei, abri meu computador e retomei minha escrita. Pedi um Dry Martini ao simpático barman e passei a noite escrevendo. Lá pelas 23h, quando resolvi sair, já tinha consumido uns cinco. Quando pedi a conta, recebi um não e uma justificativa: ‘Escritores não pagam aqui, vocês contam a verdade de Paris’”.

Um dos locais preferidos do autor para saborear um Dry Martini é o Bar Hemingway, no Hotel Ritz da capital francesa (Reprodução/Facebook).

Ribeiro, que foi barman enquanto estudava na Escola de Oficiais do Exército Brasileiro, não teve outra reação a não ser agradecer ao colega e prestar homenagem à foto de Hemingway em frente à mesa onde estava acomodado.

A VIDA PULSANTE DO PAPA HEMINGWAY

Ernest Hemingway nasceu nos Estados Unidos em 1899 e desde cedo viveu situações emocionantes em que a escrita tinha papel principal. Conhecido pelo texto claro, leve e direto, foi jornalista, correspondente internacional e ganhou o Nobel de Literatura em 1954 com o romance “O Velho e o Mar”.

Trabalhou como motorista da Cruz Vermelha durante a Primeira Guerra Mundial e também durante a Guerra Civil Espanhola, que o inspirou a escrever uma de suas grandes obras: “Por Quem os Sinos Dobram”.

O jovem Hemingway em Paris. Ernest  (Ernest Hemingway Collection/John F. Kennedy Presidential Library and Museum, Boston).

O estilo bonachão, inteligente e de quem apreciava boas doses de bebida – assim como os demais artistas da época – às vezes contrastava com atitudes intempestivas. Além do Dry Martini, ele também era fanático por Bloody Marys, Daiquiris e Mojitos. Cada um deles faz referência a épocas vividas pelo escritor. O primeiro foi criado no Harry’s New York Bar, muito frequentado pelos integrantes da geração perdida – na mesma bancada também foram criados outros mundialmente famosos, como o Side Car e o White Lady. O Daiquiri e o Mojito, por outro lado, caíram em seu gosto quando viveu em Key West, na Flórida, com sua esposa Pauline Pfeiffer, e depois em Havana, Cuba, por mais de 20 anos.

Para Hemingway, nada como um Dry Martini preparado com maestria para um encontro a dois.

Além do gosto pelas bebidas, Hemingway também ficou conhecido como um grande amante. Na Itália manteve um relacionamento com a enfermeira Agnes Von Kurowsky, sua inspiração para a criação da heroína de “Adeus às Armas” (1929).

Mas, como havia previsto seu amigo Scott Fitzgerald, “você vai precisar de uma mulher a cada livro”. E assim Hemingway casou-se quatro vezes e teve vários amores que inspiraram suas principais obras.

Um Dry Martini para Hemingway

Autor: Fabio Pereira Ribeiro
Editora: Simonsen
Páginas: 312

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One commentOn Um Dry Martini para Hemingway: as histórias da cidade luz

  • só uma observação, o primeiro romance de papa foi na verdade em 25 v1925 – The Torrents of Spring (br:; pt: As Torrentes da Primavera)aí em 26 veio O Sol Também Se Levanta em seguinte o aclamado Adeus às Armas, o biografia dele mais fiel se encontra na biblioteca https://www.hemingwaysociety.org/…valeu

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