Quais são as diferenças entre tequila e mescal?

⍟ Com a crescente curiosidade dos brasileiros sobre o mescal, surgem dúvidas sobre o que o diferencia da tequila – spirit mexicano apreciado mundialmente

Na teoria, todas as tequilas são mescais, mas nem todo mescal é tequila. Essa frase te deixou confuso? Você não está sozinho nessa. Antes um total desconhecido, o mescal vem atraindo curiosidade no Brasil recentemente e, com isso, surgem dúvidas sobre o que realmente o diferencia de outro spirit tipicamente mexicano muito conhecido, a tequila. São detalhes sutis, mas tem o poder de fazer a diferença no sabor do produto, que ainda não é vendido oficialmente no Brasil.

Antes, vamos aos fatos: sabemos que a tequila é feita com o agave azul, cultivado e colhido em regiões específicas do México. Ela é, portanto, um produto classificado como DOC, ou seja, que tem origem controlada. Desta forma, não existem tequilas fabricadas em outros países, ou de matéria-prima que não seja o agave azul.

Já o mescal, é um produto com menos restrições. Além de ser produzido em diversas localidades do país, ele passa por processos mais artesanais, é vendido em menores quantidades e pode pertencer às mais diversas classificações.

TEQUILA E MESCAL: CARACTERÍSTICAS

Para tornar o processo de diferenciação mais didático, vamos comparar os dois produtos mexicanos sob a luz de suas principais características de produção, matéria-prima, envelhecimento, categorias, graduação alcoólica, e muito mais.

• Matéria-prima: no caso da tequila, existe somente o agave azul (agave tequilana Weber). Já no caso do mescal, podem ser usados mais de 30 tipos de agave, como o arroqueño, tobaziche, tobalá, tepeztate e espadin.

• Porcentagem de agave: enquanto existem tequilas 100% agave, como é o caso de Altos, isso não é regra. Por lei, as tequilas precisam ter pelo menos 51% de agave em sua composição. Por outro lado, o mescal deve ser sempre 100% agave.

• Regiões produtoras: a tequila pode ser produzida em somente cinco regiões (nos estados de Michoacán, Guanajuato, Nayarit, Tamaulipas e Jalisco), o mescal é feito em nove localidades diferentes (Durango, Guanajuato, Guerrero, San Luis Potosi, Tamaulipas, Zacatecas, Michoacán, Puebla e Oaxaca, esta última concentra mais de 80% da produção). Algumas áreas de plantio estão sobrepostas e podem produzir os dois tipos de bebida.

• Produção: na produção de tequila, o agave é cortado e cozido dentro de grandes fornos. Já o mescal, é cozido de forma mais lenta dentro de poços de terra revestidos com rocha de lava e preenchidos com madeira e carvão. Ambos são destilados de duas a três vezes em alambiques. Enquanto a tequila é preferencialmente destilada em alambiques de cobre, o mescal pode passar por alambiques comuns ou de argila.

• Envelhecimento e categorias: são categorias de envelhecimento da tequila: blanco (até dois meses de envelhecimento), reposado (entre 2 e 12 meses), añejo (entre 1 e 3 anos) e super añejo (acima de 3 anos). No caso do mescal, as categorias são: joven (até dois meses de envelhecimento), reposado ou madurado (entre 2 e 12 meses) e añejo (acima de um ano).

• Graduação alcoólica: a tequila pode ter entre 31% e 55% ABV. O mescal, entre 36% e 55% ABV.

E O INSETO DENTRO DO MESCAL?

A famosa história da lagarta dentro das garrafas de mescal atrai muitos curiosos em experimentar a bebida. Não, ela não é um ingrediente do spirit. Em meados da década de 40, afirma-se que um produtor de mescal colocou o inseto, que é muito comum nas plantações de agave, dentro da garrafa e isso deu um sabor diferenciado à bebida.

Histórias à parte, a lagarta não produz qualquer efeito alucinante ou de mudança de sabor no mescal. Ainda hoje é possível encontrar garrafas da bebida com o inseto flutuando no interior, porém é algo praticado pelas marcas menos renomadas e mais baratas, destinadas geralmente aos turistas desavisados.

DIFERENTES USOS NA COQUETELARIA

A tequila já é velha conhecida dos bartenders, que apreciam sua versatilidade nos cocktails e também o sabor inigualável que ela oferece às receitas mais cítricas. Por muito tempo, o mescal vem sido apreciado puro, com gelo, ou com uma fatia de fruta cítrica – mas ainda existe muito espaço para explorá-lo.

Experimente criar twists de drinks clássicos com o mescal, como um Old Fashioned, Margarita ou até um Bloody Mary.

Antes de apresentar o mescal aos clientes do seu bar, ofereça degustações guiadas de tequila, compare com as variedades de envelhecimentos disponíveis na casa e abra espaço para que o público sinta-se confortável para experimentar novas bebidas. É por meio da tequila que o mescal chegará às prateleiras do seu bar.

POR QUE HÁ POUCAS MARCAS DE MESCAL NO BRASIL?

Mais do que uma questão de popularidade, o mescal enfrenta barreiras legais para desembarcar no mercado brasileiro. Isso porque o spirit retém álcoois voláteis em quantidade superior ao que a legislação da ANVISA permite, neste caso específico, o metanol.

Para resolver essa questão seria necessário adaptar a produção das unidades que são exportadas ao Brasil. Como ainda não é muito popular entre o grande público de bares e restaurantes, existem poucas marcas de mescal à venda por aqui. Elas vêm do exterior com preços muito altos que acabam não compensando para os bares.

Conforme os avanços na produção e no mercado brasileiro, em breve poderemos encontrar garrafas de Del Maguey e Ojo de Trigre, que fazem parte do portfólio internacional da Pernod Ricard.

Agora que você já conhece as principais diferenças entre os destilados, saiba mais sobre o processo de produção de Altos Tequila:

Altos Tequila: feita por bartenders para bartenders