⍟ Dois dias antes da cerimônia do The World’s 50 Best Bars deste ano, o Clube do Barman entrou em contato com um dos bartenders internacionais mais admirados na atualidade para uma entrevista. O que não sabíamos é que o balcão capitaneado por ele seria eleito o melhor do mundo…
Publicado em 31 de outubro de 2017, às 11h.
Não somos videntes, tampouco tínhamos os resultados antes da cerimônia de premiação do The World’s 50 Best Bars que aconteceu no último dia 5, em Londres. Mas podemos dizer que estávamos com o faro aguçado e fazendo contas para tentar adivinhar qual seria o melhor balcão do mundo neste ano. Todas as qualidades do American Bar já apontavam para seu sucesso. Dois dias antes da escolha, a produção do Clube do Barman contatou Erik Lorincz, o head-bartender da casa. Se fomos pé-quente ou se temos um ‘q’ de clarividência, nunca saberemos. Fato é que dentro de alguns dias publicaremos uma entrevista exclusiva com ele.
Elogiado internacionalmente pela estilo e classe no balcão, serviço de excelência, execução impecável dos clássicos da coquetelaria, mas sem fechar os olhos para o que há de mais contemporâneo, a casa e seu chefe de bar já eram considerados icônicos por nós, do Clube. Nós acreditamos que todos já repararam no quanto gostamos e reverenciamos os clássicos e suas histórias.
Por este motivo, quando Erik Lorincz aceitou a entrevista no dia 3 de outubro, ficamos felizes de trazer aos nossos leitores um pouco da experiência e da trajetória de um grande profissional. Assim como nós, ele chegou ao mundo do bar aos poucos e prima por seguir os ensinamentos dos bartenders do passado. O The Savoy Cocktail Book, inclusive, é livro de cabeceira para ele e todos que trabalham no American Bar.
Da Eslováquia, onde nasceu e trabalhou no primeiro bar especializado em coquetelaria de Bratislava até o centenário American Bar, Lorincz passou por uma longa jornada de aprendizado e esforço atrás do balcão. Imaginávamos que ele poderia receber o prêmio de melhor bar do mundo junto de sua equipe nos dias seguintes? Sim, mas não podíamos ter certeza.
BOLA DE CRISTAL?
Mas é claro que não. O excelente trabalho da equipe do bar nos últimos anos fez com que o primeiro lugar não fosse tão surpreendente. Foi merecido. Nós observamos este avanço com o passar dos anos. Em 2016, o famoso balcão do Hotel Savoy ficou em segundo lugar na lista do The World’s 50 Best Bars, atrás apenas do novaiorquino The Dead Rabbit. Por isso, a expectativa era grande enquanto assistíamos à cerimônia ao vivo. Quando o segundo lugar foi anunciado para o Dandelyan – terceiro colocado do ano passado – também de Londres, não tivemos dúvidas: o American Bar seria o primeiro.
A conquista do prêmio foi uma questão de evolução. Com mais de 120 anos de funcionamento, o bar já teve como chefes grandes nomes da coquetelaria do século passado, como Ada Coleman e Harry Craddock. Com seus estilos e formas próprias de trabalhar, eles imprimiram sua marca na história da coquetelaria e na própria carta de drinks da casa com criações imortais como o Hanky-Panky e o White Lady, servidos até hoje.
Erik Lorincz chegou ao bar do Hotel Savoy em 2010 com a tarefa de manter a tradição de um dos balcões mais antigos do mundo. Este era apenas o segundo ano de divulgação da lista dos melhores bares. Nos dois primeiros, o American Bar sequer chegou a ser citado. Já no ano seguinte, em 2011, a casa estreou logo na sexta posição, ganhando mais uma no ano seguinte.
Em 2013, algo de difícil explicação aconteceu. O bar que estava bem colocado perdeu 15 posições no ranking internacional, chegando ao 20º lugar. Mas deste ano em seguida, a ascensão foi progressiva. Em 2014, o American Bar retornou ao topo da lista, em oitavo lugar; em 2015, chegou ao quinto; em 2016, ao segundo. O topo da lista chegaria naturalmente, o que se concretizou este ano.
Por isso, mais uma vez: não somos videntes e nem temos esta pretensão. Somos observadores da boa coquetelaria e seus grandes expoentes. Manter esse hábito é importante para que todos os profissionais de bar estejam sempre por dentro das tendências internacionais e possam inovar na coquetelaria do país onde vivem.