⍟ Disposta a criar uma nova experiência para os clientes, cafeteria da zona sul de Recife abriu as portas para a coquetelaria. Hoje, aproveita o melhor dos dois mundos para explorar a tendência cafeeira no Nordeste
Publicado em 6 de setembro de 2017, às 15h.
A boa coquetelaria pode ser elemento de destaque em uma cafeteria? Aberto há menos de um ano no andar térreo do antigo Edifício Califórnia, o Borsoi Cafe Clube prova que sim. Comandada pelo casal de empresários George Gepp e Paloma Amorim, a casa tem como foco trabalhar o café de forma profissional: controle de origem, grãos especiais, manipulação e extrações de qualidade. Mas em meio ao apurado tratamento dedicado ao principal produto da casa, os drinks alcoólicos também encontraram seu espaço.
O desejo de abrir uma cafeteria era antigo. Ele surgiu quando o casal, até então conhecido pelos treinamentos de barismo, foi questionado pelos amigos sobre a possibilidade de abrir um negócio próprio. E onde mais poderiam degustar café como o que preparavam nos treinamentos, afinal? Gepp era barista e já tinha experiência à frente de uma cafeteria em São Paulo. Junto com Paloma, fotógrafa por profissão e amante do café, concretizou o projeto de sucesso em Recife.
Para ela, foi a bebida que uniu os dois. “Nos conhecemos em um evento sobre café e estamos juntos há quatro anos. A cafeteria sempre foi um sonho”.
O nome da casa faz referência ao arquiteto Acácio Gil Borsoi (1924-2009), responsável pelo projeto do edifício onde a cafeteria está localizada, erguido nos anos 1950. Seu grande legado na arquitetura recifense motivou os empresários a pedirem a autorização da família do artista para homenageá-lo.
MATÉRIA PRIMA TORRADA E MOÍDA
Seja para a composição de drinks alcoólicos ou receitas convencionais, o café utilizado no Borsoi Cafe Clube é fruto da curiosidade e conhecimento de seu barista-chefe, George Gepp.
Fresco e com controle rígido de origem, o grão utilizado hoje, chamado Borsoi, foi desenvolvido em conjunto com o produtor agrícola Mitsuo Nakao. São microlotes da fazenda Serra Negra, na cidade de Patrocínio (MG). Do tipo Moka de bourbon vermelho, é enriquecido através de um processo chamado Black Honey – despolpamento à seco em que os grãos são embalados para fermentação por 24 horas e depois secos em terreiro suspenso por 25 dias.
“Isso garante um toque de acidez cítrica doce acentuada, corpo médio levemente frutado, doçura e com finalização de caramelo” explica George Gepp.
Além deste, todo mês a equipe recebe um café visitante, escolhido por eles entre diversos tipos de grãos do Brasil e do mundo. Para capacitar os interessados, os baristas da casa também fazem oficinas e cursos sobre a bebida. Eles também são os responsáveis pelo preparo do único drink fixo na carta da casa até o momento, o Dom Acácio.
“Nós percebemos que o café sempre esteve como última escolha na elaboração e harmonização de drinks. Lançamos poucas bebidas (com álcool) e, aos poucos, serão inseridas novas opções”.
Paloma Amorim, fotógrafa e empresária do Borsoi Cafe Clube
DOM ACÁCIO E COMPANHIA
A mistura de spirits e café está em processo de popularização, principalmente no Nordeste, região que mais consome whisky no Brasil. Cocktails combinando as duas bebidas já foram à finais de campeonatos de barismo e coquetelaria e chegaram a balcões nacionais e internacionais. No caso da cafeteria, eles foram levados pelas mãos do mixologista da Pernod Ricard Brasil, João Morandi.
Sabendo da experiência de Gepp com o barismo, Morandi sugeriu inserir alguns drinks alcoólicos com café no cardápio, aproveitando a tendência. De início, segundo ele, houve certa resistência. Mas bastaram algumas experimentações em eventos com cocktails, a fim de oferecer uma novidade enriquecedora para seus clientes, que a aceitação do público encarregou-se do resto. E superou as expectativas.
O Dom Acácio, drink exclusivo da casa, foi desenvolvido por George Gepp e João Morandi. Ele harmoniza o sabor do café com o scotch whisky e a refrescância da tônica e cold brew. Confira a receita:
Receita: Dom Acácio
Dom Acácio
INGREDIENTES
30 ml de Chivas Regal 12 Anos
30 ml de xarope de limão siciliano
50 ml de Cold Brew
100 ml de refrigerante de tônica
2 ramos de hortelã
MODO DE PREPARO
Em um copo alto com muito gelo, adicione o whisky, xarope de limão siciliano, cold brew, refrigerante de tônica e guarneça com o ramo de hortelã. Por fim, complete o drink com o café.
QUINTAS ORDINÁRIAS NO BORSOI
Uma vez por mês, João Morandi assume o balcão da cafeteria e prepara alguns drinks clássicos em que o grande destaque é o café. Absolut Vodka, Beefeater London Dry Gin e Chivas Regal são os principais spirits base usados pelo mixologista. Segundo ele, todos harmonizam bem em criações com o café. Nestas ocasiões o Borsoi estende um pouco mais suas atividades e é tomado pelo jazz da banda Clave de Fá. Também serve pratos que harmonizam com a bebida da noite.
Os primeiros eventos de coquetelaria tiveram tanto êxito que acabaram tornando as Quintas Ordinárias quase uma regra. “Eu enxerguei a oportunidade de levar outros produtos para harmonizar com café e fazer eventos de guest”, comenta Morandi sobre os primeiros eventos que antecederam a criação das quintas especiais. “Mas a coisa foi tomando uma proporção tão grande, movimentando imprensa, curiosos, entusiastas, seguidores e clientes que hoje o evento pretende ocorrer todo mês, dependendo apenas da disponibilidade de conciliar as agendas da banda de jazz e a minha“.
Entre os drinks já servidos no evento estão o Espresso Martini, Old Fashioned, Negroni, Moscow Mule e até Gin Tônica. Esta última, por exemplo, fez tanto sucesso que Paloma Amorim e George Gepp estudam colocá-la no próximo cardápio da casa. Confira a receita completa de João Morandi.
Receita: Gin Tônica com café
Gin Tônica com Café
(Receita do mixologista João Morandi)
INGREDIENTES
50 ml de Beefeater London Dry Gin
15 ml de cordial de café
200 ml de refrigerante de tônica
2 dashes de óleo saccharum de laranja
1 zest de laranja bahia
MODO DE PREPARO
Esfrie a taça borgogne com muito gelo e depois retire o excesso de água. Acrescente Beefeater London Dry Gin, o cordial, óleo saccharum, refrigerante de tônica e misture tudo com uma colher bailarina. Ao final, decore com um zest de laranja bahia.