⍟ Em rápida expansão no mercado global, os RTDs podem agilizar o trabalho no bar, aumentar vendas e popularizar a coquetelaria
Já imaginou abrir a geladeira e tomar seu cocktail favorito em poucos segundos? A modalidade de drinks enlatados ou Ready To Drink (RTD ou pronto para beber, em inglês) começou como uma ferramenta para popularização da coquetelaria, mas com a chegada da pandemia, ganhou um novo patamar de importância. Agora, ela também permite vendas online, em supermercados e também dentro do bar – com drinks clássicos ou autorais.
O tamanho do mercado global deste tipo de cocktails foi avaliado em US$ 782,8 milhões em 2021 e deve expandir a uma taxa de crescimento 13,4% por ano entre 2022 a 2030, de acordo com um estudo realizado pela Grand View Research. A pesquisa também revela que a crescente demanda por drinks com baixo teor alcoólico devem impulsionar o mercado nos próximos anos levando à criação de uma categoria premium de RTDs no futuro.
De acordo com Fábio Magueta, mixologista da Pernod Ricard Brasil nas regiões Sul e Interior de São Paulo, os RTDs facilitam o trabalho no bar e podem ser vendidos em diversos contextos. “Quando a gente fala sobre RTD, falamos sobre um mercado que ainda tem muito a crescer, principalmente em casas de grande volume em vendas”, explica. “Em uma casa de grande volume, ter um produto pronto em mãos agiliza a operação da equipe do bar. Outra oportunidade interessante está dentro do mercado de eventos, oferecendo cocktails perfeitos e equilibrados de forma rápida”.
Ele salienta também que o Brasil está começando a colocar os RTDs no seu radar de vendas. “A ideia de trazer cada vez mais produtos prontos para o dia a dia, a fim de deixar a coquetelaria mais leve e acessível para todos”.
POR QUE LATAS?
Da mesma forma com que consumimos refrigerantes e cervejas em embalagens de alumínio, a ideia é aplicar a mesma técnica aos drinks prontos para beber. O alumínio é o material escolhido por ter baixo valor de compra e integrar uma cadeia produtiva com alto potencial de reciclagem, ao contrário de outros como o plástico e o vidro. Conforme um levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), o país obteve um índice de reciclagem de 97,4% em 2020, posicionando o Brasil entre um dos maiores recicladores de latas do mundo.
Mas existem outros motivos interessantes para adotar o uso de latas de alumínio para vender drinks. Um deles é o material, que refresca mais rapidamente as bebidas nas geladeiras, conserva o sabor e a gaseificação. Além disso, facilidade de transporte e grande potencial de personalização fazem com que as latas sejam as preferidas do público e também dos produtores.
OPÇÕES DISPONÍVEIS
Há diversas opções de RTDs no mercado que podem ser integrados ao cardápio do seu bar. Grande parte deles é fabricado diretamente pelas marcas de bebidas alcoólicas, que facilitam o acesso do público aos seus hero drinks, ou seja, os mais populares ou perfect serve.
Um exemplo disso é o licor de café Kahlúa, que há poucos anos lançou no mercado estrangeiro seu Espresso Martini enlatado, um dos drinks mais vendidos com o spirit. Com o sucesso de vendas não só em bares, mas em mercados e lojas especializadas, a marca decidiu ampliar o leque de receitas com o lançamento do Nitro Cold Brew, em 2020.
Embora as criações de Kahlúa ainda não estejam disponíveis no mercado brasileiro, já temos outros representantes entre os RTDs. Um deles é o Beefeater Gin & Tônica, produzido em parceria com a Tônica Antártica. Além de já poder ser encontrado em redes de varejo e adegas, também está a venda em bares e no e-commerce Drinks & Clubs.
Entre os benefícios de vender latas de Gin Tônica está no grande volume em que este drink é vendido nos bares brasileiros. Ao tê-lo pronto na geladeira do bar, é possível servi-lo diretamente no copo com gelo em momentos de grande movimento. E os consumidores ganham com a praticidade de beber sua receita favorita em casa.
Outra opção disponível para os RTDs são pequenos produtores que apostam em receitas menos populares, que fogem dos clássicos mais vendidos, ou ainda mesmo drinks autorais para alcançar os consumidores. Neste caso, o principal ganho é a popularização da coquetelaria.
COMO VENDÊ-LOS NO SEU BAR
Há quem pense que a chegada dos RTDs pode colocar em xeque a importância do trabalho feito pelos bartenders. Mas a ideia vai ao contrário dessa lógica equivocada. Os drinks prontos para beber, quando vendidos no bar, tem a função de facilitar o acesso dos clientes à coquetelaria e também ajudar em momentos de grande movimento no bar, poupando a equipe para dar prioridade às receitas autorais da casa.
Ainda de acordo com a pesquisa da Grand View Reserach, em 2021 os supermercados foram responsáveis por 65% das vendas de RTDs em nível global. Em segundo lugar, estão as vendas online, com mais de 20% do mercado. Em terceiro, aparecem os bares e lojas de drinks, com cerca de 16%.
Dentro do bar, as vendas de RTDs podem acontecer em diversos cenários, como por exemplo: um cliente que visitou o seu bar pode ter adorado a Gin Tônica servida e, por isso, decide levar algumas latas para casa e usar em um futuro jantar com amigos; um dos clientes da mesa era o motorista da rodada e decide levar uma lata do seu drink enlatado para consumir em casa; um visitante nunca tomou um drink autoral do seu bar, mas depois de beber um clássico, decide comprar um autoral enlatado para levar para casa.
Encontrar RTDs a venda em mercados e adegas pode aproximar os consumidores da coquetelaria, para que eles sinta-se mais confortáveis ao experimentar receitas autorais nos bares, da mesma forma que as vendas online facilitam o acesso às bebidas vendidas nas capitais para cidades mais distantes. Pensando em ganhos para o seu bar, ainda é possível fazer parceria com restaurantes e mercados locais para que revendam suas receitas enlatadas.
É POSSÍVEL PRODUZIR OS PRÓPRIOS RTDS?
Mesmo com diversas variedades de marcas e cocktails clássicos à disposição dos bares, também é possível desenvolver a própria marca de RTDs – algo que tem se popularizado entre diversos bares, como o Florería Atlántico, da Argentina; ou Le Mule, em Porto Alegre.
É certo que o processo de produção não é tão simples quanto aquele para fazer drinks engarrafados, que podem ser feitos pela própria brigada de bar. Com o uso de latas de alumínio, é necessário adquirir um maquinário simples, mas custoso, próprio para o envase e selagem das latas. Além disso, existem custos para a o design e impressão das latas que chegarão às mãos dos clientes do seu bar.
Outra opção é terceirizar a produção das latas e selagem para pequenas fábricas de bebidas que já possuem a expertise no serviço e os equipamentos necessários. Desta forma, caberá à equipe do bar somente a parte criativa de produção dos cocktails.
Antes de decidir produzir a própria linha de RTDs, vale a pena fazer testes com marcas já existentes no mercado, a fim de apresentar estes drinks para os visitantes do seu bar.
