Acerola: das Antilhas para o Nordeste, do Nordeste para o Brasil

⍟ A acerola se adaptou tão bem à nossa terra que nem parece que vem de fora. Saiba tudo sobre o cultivo da fruta e seu uso na coquetelaria

O arbusto frutífero, que tem seu nome vindo do árabe az-zu’rur, não esteve sempre em solo brasileiro. Originário das Ilhas do Caribe, América Central e do Norte da América do Sul, foi a partir de sementes vindas de Porto Rico que o fruto passou a fazer parte do repertório da flora brasileira.

Professora Maria Celene, conhecida no meio da agronomia acadêmica como ‘A mãe da Acerola no Brasil’. (Foto: Arquivo/UFRPE)

Em 1955, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) introduziu seu cultivo por meio da professora Maria Celene Ferreira Cardoso de Almeida, chamada de ‘A mãe da acerola no Brasil’, que trouxe as primeiras sementes de acerola (Malpighia emarginata) de terras porto-riquenhas.

No início da década de 80, a Pró-Reitoria de Atividades de Extensão da UFRPE, coordenada pelo Professor Espedito Meira Couceiro, com a colaboração do professor Marcos Diniz e equipe criaram a “Campanha Nacional de Difusão da Acerola” que foi responsável pela popularização da fruta em todo o país.

Por ser típica de climas tropicais e subtropicais, a planta encontra seu ambiente ideal de crescimento em locais com temperaturas entre 15ºC e 32ºC. Em 1998, a Embrapa implantou também o cultivo da acerola na região de clima semiárido com irrigação controlada, obtendo sucesso desde então.

Em regiões mais frias, a planta apresenta problemas para se desenvolver, já que seu crescimento fica estacionado em temperaturas abaixo de 15ºC, durante a noite.

O Brasil é um dos poucos países que produzem acerola para fins comerciais, com início da prática no final da campanha nacional dos anos 80, com destaque para a Região Nordeste – nos estados de Ceará, Pernambuco, Bahia e Paraíba.

O Sudeste, com São Paulo e Minas Gerais, e o norte, com o Pará, também têm se tornado regiões com expressiva produção da fruta, desde que sua demanda vem aumentando de forma crescente no mercado interno, sobretudo na exportação.

Tendo grande parte de sua produção absorvida pela indústria de processamento de alimentos, a acerola geralmente deixa os portos brasileiros em forma de polpa congelada e suco integral, rumo a países europeus, aos Estados Unidos, Japão e até mesmo as Antilhas, de onde é nativa.

A ACEROLEIRA

A aceroleira é um arbusto que normalmente atinge até 3m de altura quando adulto, tem pequenos cachos de flores brancas e rosadas e folhas ovaladas que, quando jovens, possuem pequenos pelos que irritam a pele.

Seu pólen não se dissemina pelo vento pois tem uma textura pegajosa. Por isso, seu transporte é feito por meio de abelhas da espécie centris, capazes de carregar o pólen oleoso.

As raízes da aceroleira não são profundas e, por esse motivo, sua produção fica comprometida em regiões com ventos fortes e constantes, que podem romper partes vitais da planta. Apesar disso, o arbusto se comporta bem em vários tipos de solos desde que bem controlados em irrigação e drenagem, exceto os excessivamente argilosos e arenosos.

Entre duas acerolas maduras, uma ainda verde. A acerola madura deve ser colhida em até 3 dias para não passar do ponto.

CARACTERÍSTICAS DA FRUTA

As acerolas são arredondadas, ovaladas ou ligeiramente achatadas e, geralmente, são divididas em três pequenos gomos (tricarpelação), que por vezes são notados externamente (por meio de sulcos mais ou menos profundos). Possuem epicarpo (casca) fino e polpa carnosa e suculenta, dotada de três caroços de formato longo e triangular. Mas nem todo caroço apresenta semente em seu interior. Somente de 20 a 50% dos caroços da acerola possuem semente.

Quando madura, sua coloração varia de acordo com a espécie, mas gira sempre em torno de uma tonalidade vermelha purpurada, alaranjada ou amarelada, assim como sua polpa. O peso também pode variar bastante, entre 3 e 16 gramas por fruta. A casca ideal é firme o suficiente para que o fruto não se danifique durante o processo de manufatura e transporte.

PERFIL DE SABOR

Em plantas selecionadas, a fruta tem tamanho médio e sua polpa contém grande quantidade de suco, com cerca de 10% de sólidos solúveis e acidez.

A acerola tem alto teor de vitamina C (com ácido ascórbico acima de 1g/100g. de polpa) quando exposta corretamente à luz solar, o que equivale a uma pastilha efervescente antigripal.

Devido a alta concentração da vitamina, a acerola é uma das grandes fontes de sua extração na indústria farmacológica. Para este fim, a fruta costuma ser colhida antes de seu amadurecimento completo.

A colheita, quando realizada para a extração de vitamina C pela indústria farmacêutica, é feita pouco antes do amadurecimento completo. Quanto mais madura, menos cítrica a acerola se torna.

A explicação é simples: quanto mais verde a fruta, maior é a concentração de vitamina C. Conforme a fruta amadurece, seu mesocarpo dse torna mais adocicado. De modo prático, a relação entre vitamina e a doçura da fruta é inversamente proporcional por definição.

Embora ácida e azeda, a acerola ideal deve ter sabor agradável e, quando bem madura, até mesmo adocicado. O sabor lembra ligeiramente o da pitanga e o aroma é semelhante ao da uva.

Na coquetelaria, o uso da acerola madura pronuncia mais notas de sabor. Quando mais verde a fruta, mais ácida e com menos notas de sabor.

Ela pode ser utilizada para substituir a acidez de algumas receitas, como o limão tahiti, por exemplo.

Além disso, a acerola pode ser aproveitada na coquetelaria para o preparo de compotas, geleias, licores e xaropes.

PLANTIO DA ACEROLA

Pode ser feito tanto a partir de sementes quanto por enxerto (junção de parte do caule a outro preexistente, de outra planta) e estaquia (plantio de pequeno pedaço do caule da planta a ser cultivada diretamente na terra, estimulando seu enraizamento), mas as experiências mostram que o plantio através de sementes tem proporcionado plantas irregulares e com pouca produção de frutífera. Por este motivo, os produtores recomendam que as plantas sejam cultivadas a partir de enxerto ou estaquia, para a obtenção de frutos mais uniformes e com características fieis da espécie.

O solo deve ter pelo menos um metro de profundidade e sujeito a irrigação regular, seja por meio de chuvas (1.200 a 2.000 mm/ano) ou por rega manual na mesma proporção. Qualquer umidade atmosférica é propícia para o cultivo, mas a incidência de fungos é maior em locais onde a umidade do ar é mais elevada (+80%) em combinação com temperaturas superiores a 25ºC. Em altitudes acima de 800m, seu desenvolvimento fica ligeiramente comprometido, já que, em sua origem, ele se dá ao nível do mar.

Cada acerola possui três caroços (que podem conter ou não sementes), envolvidos pelo endocarpo da fruta

CULTIVANDO SEMENTES

Antes de começar, reiteramos que uma aceroleira pode chegar até os 3 metros de altura, então só comece o processo se tiver espaço suficiente para plantá-la ou se conhecer a técnica de bonsai.

Em uma caixa, junte areia lavada e vermiculita (1:1). A viabilidade das sementes é baixa (20 a 50%). Por este motivo, se você deseja aumentar a probabilidade de que seu plantio dê bons frutos, será preciso plantar várias sementes ao mesmo tempo e torcer para que alguma vingue.

Pegue sementes de frutos maduros, lave-as para retirar qualquer resquício de polpa do entorno. Deixe secar à sombra. Coloque-as na caixa ou em linha ou salpicando aleatoriamente. Em seguida, cubra todas as sementes com cerca de 1 cm da areia com vermiculita. Deixe em local com sombra.

Cerca de 2 a 3 semanas depois da semeadura, as primeiras folhas começam a surgir. Quando tiver cerca de 3 pares de folhas, retire-as com cuidado da caixa e coloque-as em sacos de polietileno pretos com terra e adubo dentro. Regue até alcançar entre 25 e 40 cm de altura. Após isso, basta plantar ou enxertar sob a luz do sol.

Após o terceiro ou quarto ano do plantio, uma aceroleira pode chegar a produzir até 40 kg de acerola por ano. Os frutos devem ser colhidos a cada 2 ou 3 dias.

SAZONALIDADE

Por preferir temperaturas mais elevadas, a planta desenvolve suas folhas, flores e frutos com mais vigor durante as estações quentes da primavera e do verão de forma contínua, desde que bem irrigada e exposta ao sol.

ACEROLA SNICKETS

INGREDIENTES

1½ partes de Absolut Vanilia
3 acerolas
¾ parte de suco de limão siciliano
⅓ parte de xarope de canela
1 dash de suco de abacaxi
Limão

MODO DE PREPARO

Encha uma coqueteleira com cubos de gelo. Adicione, então, Absolut Vanilia, a acerola esmagada, o suco de limão siciliano, o dash de suco de abacaxi e o xarope de canela. Agite e faça uma duplas coagem para uma taça cocktail cheia de gelo britado. Decore com uma casca de limão, um pau de canela e uma acerola.

ABSOLUT WILD

INGREDIENTES

1½ partes de Absolut Apeach
3 pitangas
3 acerolas
5 folhas de manjericão
1 colher de chá de açúcar

MODO DE PREPARO

Macere na coqueteleira as pitangas juntamente com as acerolas, o manjericão e açúcar. Coloque, em seguida, Absolut Berri Açaí e encha com cubos de gelo. Agite vigorosamente e faça uma dupla coagem para um copo old fashioned com gelo. Guarneça com metade de uma acerola cortada longitudinalmente.

 

 

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