⍟ Edição nacional do maior evento de gin do mundo, o World Gin Day reuniu alguns dos principais produtores da bebida no último sábado (10)
Publicado em 14 de junho de 2017, às 10h
O gin despontou com força no mercado da coquetelaria e diversas marcas aportaram no Brasil este ano. Neste sentido, o World Gin Day, realizado no Casa Bossa, em São Paulo, foi uma excelente oportunidade para que o público pudesse conhecer melhor as características de vários rótulos do Brasil e do mundo, entre os consagrados e aqueles que são novidade nas prateleiras.
Entre workshops, estandes e balcões das marcas participantes, apreciadores da bebida e barmen provaram sua principal característica: a curiosidade. E assim descobriram novos sabores e histórias, além de prestigiarem o trabalho dos melhores bartenders da capital paulista. O line-up foi uma das peças-chave do evento.
Joscha Niemann, holandês radicado no Brasil, importador de diversas marcas do spirit e um dos organizadores da iniciativa, explica que a ideia partiu de sua vontade em produzir um gin brasileiro. Isto porque sentia-se entristecido sempre que entrava em bares e constatava que havia apenas marcas estrangeiras no balcão.
“A coquetelaria é uma plataforma para explicar as riquezas de um país e para criar um grupo de pessoas que querem ser criativas com elas. O Brasil tem ingredientes riquíssimos. É algo que pode ajudar o país como um todo”, afirma.
De início, foi preciso quebrar o paradigma de que gin e cachaça eram basicamente a mesma coisa na visão dos brasileiros. Era preciso mostrar que a matéria-prima é outra, o processo de fabricação também. Por isso, antes de conseguir mostrar o seu próprio gin para o mercado, Virga, Niemann investiu nos mais conhecidos, para que as pessoas pudessem se familiarizar com suas categorias e, em seguida, aceitassem novas experiências. O World Gin Day é uma delas.
“Quando falava sobre o Virga, as pessoas achavam que era uma cachaça. Agora, provando outros tipos de gin, elas assimilaram que ele não é apenas o London Dry, mas pode ser muitas outras coisas”, anima-se. Com tanta variedades de ingredientes no Brasil, o holandês afirma que é como se cada cidade ou estado pudesse ter seus drinks únicos, com ingredientes regionais.
Em sua visão, o World Gin Day cumpriu seus objetivos: ajudar os bartenders a usar produtos novos de forma criativa e impulsionar a inovação nos alambiques, destilarias e produtos alcoólicos do país.
COQUETELARIA PARA TODOS
Os organizadores atestam que a coquetelaria alavancou o interesse pelo spirit no Brasil. Assim como a gastronomia hoje parece algo a alcance de todos – originando fenômenos de audiência, como o programa Masterchef -, a arte das bebidas também segue o mesmo caminho, amparada pela grande variedade e alta qualidade de produtos disponíveis.
“Você não precisa ser um chef ou um mixologista para dar uma festa e preparar drinks legais para seus amigos, mas precisa de bons produtos para fazer isso”, reforça Niemann.
Esse pensamento faz parte do surgimento de uma geração curiosa, que descobriu na coquetelaria uma porta para novos sabores e experiências. Para Fábio Guedes, outro membro da organização do World Gin Day, trata-se da chance de criar um novo público e fomentar esse mercado.
“Queríamos um evento que unisse o segmento e marcas concorrentes num mesmo espaço, para formar público. E é um público que tem informação. Quem gosta de gin busca novidades. A possibilidade de fazer isso numa data global é algo muito forte. Todas as marcas perceberam o potencial que havia aqui”, comenta.
BAR BEEFEATER E APRESENTAÇÃO DOS NOVOS GINS
O bar de Beefeater London Dry Gin no evento foi instalado em um mini cooper, no qual o bartender ficava ao centro, rodeado por diversas opções de insumos e botânicos, entre eles os utilizados na produção do próprio gin, dando origem às mais variadas combinações de Gin & Tônica, tanto em sua versão original, quanto utilizando Beefeater 24, criado pelo master distiller da marca, Desmond Payne.
A ocasião também marcou a primeira aparição em solo brasileiro das novas marcas de gin Premium + e Super Premium da Pernod Ricard Brasil, Plymouth e Monkey 47. Além de prová-los, os presentes souberam um pouco mais sobre a história de cada uma delas, suas características e sabores singulares. A apresentação oficial de ambas aos profissionais de bar já tem datas marcadas: 10 de julho no Rio de Janeiro e 12 de julho em São Paulo.
Para Fábio Guedes, os novos rótulos da Pernod Ricard sublinham o potencial do mercado brasileiro, mesmo em um momento de condições adversas e altos impostos sobre os destilados. “Associado à crise econômica que estamos passando, o mercado está em queda de vendas. Mas o gin mostrou uma curva completamente oposta e ascendente. A chegada deles consolida isso. Então, este é o momento de investir por aqui”, atesta.
PLYMOUTH
A marca estreou em um bar despojado, que remetia ao porto da cidade inglesa de Plymouth e o navio Mayflower, seu símbolo, servindo opções de Gin & Tônica com laranja bahia, limão siciliano, pimenta da jamaica e outras especiarias.
Além do drink mais cultuado pelos apreciadores do gin, também foi preparado o antiquíssimo Olivette. Ele praticamente nasceu já sendo feito com Plymouth e vermute, servido em taça tipo cocktail. É um dos precursores, senão um irmão mais velho dos modernos martinis.
Para completar, Rafael Mariachi, mixologista da Pernod Ricard Brasil, criou uma receita especialmente para o evento. O MM-Mayflower combina Plymouth Gin, vinho Jerez Manzanilla, vinho Monbasillac e bitters de lavanda.
MM-MAYFLOWER
INGREDIENTES
60 ml Plymouth Gin
10 ml vinho Manzanilla
20 ml vinho Monbazillac
2 dashes de bitters de lavanda
MODO DE PREPARO
Misture todos os ingredientes, dê dois dashes de bitters e sirva em uma taça cocktail.
MONKEY 47
A impressionante quantidade e variedade de botânicos utilizados na produção de Monkey 47 também teve destaque no World Gin Day. O bar da marca era repleto de itens verdes, que remetem ao local rústico onde é produzida a bebida, a Floresta Negra Alemã.
No estande, havia opções de Gin & Tônica bastante sutis, já que a riqueza de ingredientes do destilado fala por si só. A combinação incluiu variedade do drink com semente de cumaru – semente amazônica muito utilizada na gastronomia – e casca de laranja bahia. De acordo com Rafael Mariachi, para utilizá-lo no clássico White Lady foi preciso reequilibrar as proporções da receita. “O resultado é uma explosão de sabor”, garante.
WHITE LADY (MONKEY 47)
50 ml Monkey 47 Gin
30 ml Suco de limão
10 ml Açúcar
30 ml Clara de ovo
MODO DE PREPARO
Bata todos os ingredientes em uma coqueteleira sem gelo (dry shake). Adicione gelo à mistura e bata novamente. Coe a bebida e sirva em uma taça cocktail previamente gelada. Guarneça o drink com um twist de limão siciliano.