batizar seu drink

Como batizar seu drink. No bom sentido

⍟ Se você é daqueles que cria com uma enorme facilidade mas, quando perguntam o nome, a resposta é ‘esse drink ainda não tem’, ou gasta mais tempo inventando uma maneira de chamar suas criações do que criando-as de fato, esse artigo é para você

Já parou pra imaginar como seria se o Dry Martini se chamasse Rebimboca da Parafuseta? Talvez ele não chegasse até os dias de hoje com a fama que chegou. Nem tanto pelo que é, mas pelo nome. Aí está a importância de ‘batizar’ corretamente um cocktail. Quem não sonha em ter uma criação sua se tornando um clássico? Ou, mesmo que não tenha essa elevada ambição, sonhe em ver um drink autoral conhecido e pedido por muita gente, agradando o público e aumentando as venda? Mas para que isso aconteça, além de ter uma receita e um modo de preparo impecáveis, devem também ter um nome que represente bem aquilo que está no copo. Acompanhe as dicas.

O DRINK JÁ EXISTE?

A primeira coisa a ser estudada fazemos uma criação, é analisar sua composição. Esse cocktail posso chamar de meu? Há alguma outra receita que já tenha sido inventada por alguém que se pareça muito com o meu drink? É interessante pesquisar em livros e na internet para saber se o que acabei de criar já não foi criado há 50 anos. Se depois da pesquisa você descobrir que existe outro cocktail já criado com a mesma composição, são duas as saídas que aconselhamos: ou se desiste de chamar o drink de seu e assume que acabou de inventar uma receita que já existe ou, então, analisa os pontos de divergência entre as receitas. Se o ingrediente adicionado muda completamente as características do drink original, então pode ser considerado uma receita genuína e receber um nome novo em folha. Se o ingrediente mantém todas as características do drink original, deve ser considerado um twist de um cocktail já existente e, então, acrescenta-se um nome ao da receita original para indicar a alteração.

Por exemplo, um drink de vodka, triple sec, limão e suco de frutas vermelhas na taça cocktail pode ser chamado de Cosmo Red, mas não convém que seja chamado de ‘Dani Drink’ por se assemelhar demais a uma receita consagrada preexistente. Qualquer um que peça um Dani Drink e conheça um pouco de coquetelaria perceberá que você mudou um ingrediente do Cosmopolitan e ‘rebatizou’ a receita dos outros.

EM QUAL IDIOMA?

É uma ilusão achar que um cocktail precisa de um nome inglês para fazer sucesso. Essa percepção equivocada certamente foi criada pelo fato de os grandes clássicos, exceto a caipirinha, terem o seu nome na língua inglesa. Isso se deu por motivo óbvio: os drinks são batizados na língua pátria. E a coquetelaria em países anglófonos e suas antigas colônias, que têm o inglês como língua-mãe, possuem uma coquetelaria consolidada há muito mais tempo do que o Brasil. Isso não significa, necessariamente, que os estrangeiros sejam melhores, mas que eles tiveram mais tempo para fazer seus drinks caírem na boca do povo e, por serem pioneiros, fizeram suas receitas e seus nomes rodarem o mundo inteiro. O idioma não pode ser um limitador na hora de nomear um cocktail, mas deve estar de acordo com a intenção de quem o cria. Tem pretensão de fazer o drink ganhar fama internacional? O inglês pode ser uma boa ideia. O nome de um cocktail pode ser tanto em inglês, quanto em português, ou russo, desde que ele comunique corretamente a intenção de quem o cria para o público-alvo.

BATISMO DE EMERGÊNCIA

Se a ideia é resolver rapidamente um nome para o cocktail, é possível colocar no nome a sua categoria. Essa não é a forma mais criativa de nomear um drink e talvez não escape do nome em inglês, mas pelo menos não será errada. Há várias categorias de bebidas, divididas de acordo com o seu modo de preparo e ingredientes. Sour (com alta acidez causada por uma fruta cítrica, se diz ‘sauer‘), smash (frutas,  ervas ou hortaliças esmagadas), highball (copo longo com mais mixer do que destilado), collins (sour no copo collins com carbonatação), etc.

Suponhamos que a sua criação seja composta por gin, morango amassado e xarope de açúcar em um copo old fashioned. Seguindo essa lógica, o seu drink se chamará ‘Strawberry Gin Smash‘. Pouco criativo, mas passa.

STORYTELLING

Se você tem tempo para criar um bom nome, ignore a dica anterior e preste atenção na dica que vem a seguir.

Um cocktail normalmente é criado com um propósito. Pode ser um evento, uma homenagem, uma inspiração momentânea por causa de uma situação, um lugar ou um pensamento. Drinks nunca surgem a esmo, mesmo aqueles mais casuais. Preste atenção aos detalhes que cercam o momento da criação da receita. Talvez a inspiração venha a partir de um filme, de um personagem. E a aparência do drink, lembra alguma coisa? Todos esses detalhes podem ajudá-lo a criar um bom nome para sua receita.

Pode ser que você esteja lendo um livro de Jorge Amado e crie o cocktail ‘Capitães de Areia’. Quem sabe você esteja passando um final de semana no Guarujá e se inspire para criar o ‘Pérola do Atlântico’. Um bom drink de cachaça envelhecida pode se tornar “Velha do Engenho”. Talvez você faça um cocktail versátil, que se adapte a diversas ocasiões com facilidade e decida chamá-lo de ‘Resiliência’.

Os nomes surgem e você perceberá que os encontrou num estalo. Eles contam a história de sua criação, o que há nele de mais importante. Eureka! O nome é esse!

PARA REFLETIR

Na hora de criar um drink, faça para si as seguintes perguntas:

1- Por que eu criei esse drink?
2- Onde esse drink será servido?
3- Quem vai beber esse drink?
4- O nome é marcante?
5- O nome é fácil de se pronunciar?

Junto aos detalhes percebidos acima, essa análise ajudará a compreender se a receita está adequada e também apontará para o nome do drink.

PROPAGABILIDADE

A palavra é feia mas o conceito é simples e vale tanto para a receita quanto para seu nome. Seja simples para que o cocktail caia na boca do povo (nos dois sentidos). Muitos ingredientes confundem o paladar e um nome difícil confunde a mente do cliente. Pode até ser que no storytelling do drink o nome Shambalabayama pareça perfeito, mas se o cliente não conseguir nem dizer o nome do cocktail, ele não poderá ser comandado.

Se o cliente sentir-se envergonhado de falar um nome para o garçom com medo de errar isso pode fazer as vendas despencarem por um motivo bobo.

O QUE EVITAR

• Trocadilhos duram o tempo de uma risada. Você pode até dar um nome engraçadinho ao seu cocktail, mas ele provavelmente não será lembrado por muito tempo.

• Nomes pornográficos podem até ter sido uma moda nos anos 80, mas hoje não têm mais vez. Se o Sex on The Beach fosse criado atualmente, sua fama não duraria o verão inteiro.

• Não associe o drink a coisas infantis ou inofensivas. Um cocktail branco não pode ser chamado de ‘Iogurte + 18″.

• Não caia no lugar comum: Nova Friburgo Sour não é bacana. Pior que um batismo de emergência é um nome jogado. A menos que um detalhe fundamental do drink remeta a uma cidade, não convém sair batizando cocktail dessa maneira.

REPERTÓRIO E MÉTODO PRÓPRIO

As dicas acima servem bem para quando estamos iniciando na arte da criação de novos cocktails. Os bartenders mais experientes acabam criando um método próprio para isso. Mas uma coisa é certa: sendo novo na área ou expert no assunto, para criar qualquer coisa, é preciso de conteúdo. Leia, escute, visite lugares, aprenda coisas novas, não fique fechado entre as quatro paredes do bar. Aumentando seu repertório cultural, as ideias nunca faltarão.

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