⍟ Criado por uma bartender em Miami, a fama do Cosmopolitan varreu os Estados Unidos na década de 80 até alcançar reconhecimento internacional. Conheça mais detalhes sobre a história e composição do drink
Você já deve ter preparado vários Cosmopolitans em uma mesma noite, mas talvez não tenha parado para imaginar de onde vem o drink rosado e equilibrado em sabores ou como sua fama sobreviveu ao tempo. Um dos clássicos mais jovens da coquetelaria internacional, o Cosmo, como é conhecido por seus afetos mais próximos, ‘trintou’ recentemente e se mantém como uma das bebidas favoritas do público.
Sua grande febre mundial começou, de fato, nos anos 90, graças a celebridades americanas que eram fotografadas com a bebida, como Madonna, que foi clicada em 1996 em uma festa no Rainbow Room, em Nova York, com o drink e de modo ainda mais evidente pela fama da série Sex And The City, dois anos depois. Em quantas temporadas as amigas não foram flagradas bebendo, juntas, um Cosmopolitan, enquanto falavam de suas aventuras amorosas?
Pois bem, há quem diga que o cocktail, apesar de datar de 1985/1986, não foi uma grande invenção. Isto porque, há algumas referências de drinks antigos ‘semelhantes’, dos anos 30 e até do século XIX. Um deles é o Kamikaze, que tem uma combinação de partes iguais de vodka, triple sec e limão – que também parece um twist do já consagrado Gimlet.
Outras teorias mais absurdas afirmam que a receita, na verdade, é inspirada no bicentenário Brandy Daisy, com brandy, chartreause amarelo e suco de limão.
Deixemos as teorias de lado e viajemos pelos caminhos do surgimento do Cosmopolitan como o conhecemos hoje.
QUEM INVENTOU?
A história costuma ser bastante falha na hora de documentar o verdadeiro criador de alguns clássicos. Com o Cosmo não seria diferente. Se eliminarmos da disputa as teorias de que o drink foi inventado, de forma rudimentar, nos anos 30 e 40, sobram, entre uma miríade de histórias possíveis, duas que se contam mais comumente, atribuindo dois diferentes autores: Toby Cecchini e Cheryl Cook.
Ambas referências datam dos anos 80. A primeira conta que o cocktail foi criado pela bartender Cheryl Cook no Strand Restaurant, na parte mais ao sul da Flórida, em 1985 ou 1986 (nem a própria criadora sabe afirmar a data com precisão).
Muitos a têm como uma figura mística, fora do circuito de bares das grandes cidades, mas, em carta ao experiente mixologista Gary Regan, ela afirmou, em sua antiga newsletter Ardent Spirits e-letter (outubro de 2006), que a criação nasceu da necessidade de criar um cocktail que agradasse o paladar do seu público, em Miami. Pois, naquela época, os clientes queriam o glamour de beber em uma taça martini, mas queriam algo menos amargo.
“Entre 85 e 86, o martini fez seu retorno. As mulheres estavam pedindo martinis no bar apenas para beber o drink em um copo clássico. Muitas delas não apreciam realmente gostar de um verdadeiro martini ou do martini da nova geração – o Vodka Martini. O que me chamava atenção era o número de pessoas que pediam o drink apenas para serem vistas com um cocktail glass“, afirma na carta.
“Essa observação me deu a ideia de criar um drink que todos pudessem pedir e que fosse visualmente impactante naquela taça. Essa foi a base para a criação do Cosmopolitan”. Ainda na carta, ela afirma que a chegada de Absolut Citron por seu representante de bebidas e o desafio de criar o cocktail surgiram praticamente ao mesmo tempo. Segundo Cheryl, os ingredientes usados por ela na época foram os seguintes: Absolut Citron, um splash de Triple Sec, Rose’s Lime Juice e suco de cranberry suficiente para deixá-lo rosa e bonito.
“Era meramente um Kamikaze feito com Citron e um pouco de suco de cranberry“, declarou. “Meu objetivo era também uma tarefa de design. Criar uma bebida visualmente bonita em um copo bonito. Não só bonito, mas gostoso também. Não estava tentando reinventar a roda, apenas acelerando ela um pouquinho”.
MAS E O TOBY CECCHINI?
Nesta mesma newsletter que, para Gary Regan, foi um divisor de águas na história do Cosmopolitan, ele atribui a adição do suco de limão fresco à bebida pelo bartender novaiorquino Toby Cecchini.
Segundo o mixologista, entre os anos de 1987 e 1988, Cecchini trabalhava no bar Odeon, em Manhattan, quando sua colega de trabalho Melissa Huffsmith o apresentou a uma versão do cocktail criado por Cheryl. Na época, a fama da bebida vinha, aos poucos, cruzando o país.
Como em um telefone sem fio, a receita chegou para ele da seguinte forma: vodka regular, Rose’s Lime Juice e Grenadine. Ele tratou, então, de substituir o cordial pelo suco fresco do limão, usando mais ou menos a mesma ciência de uma Margarita quando lançou mão do triple-sec. Cecchini, em uma entrevista à Punch, disse que um Cosmo seria algo parecido com um White Lady e o rosa seria bem delicado, de forma que um bêbado o pudesse confundir com uma Margarita.
A receita tornou-se popular e, por ser filha de dois pais, é preciso agradecer a ambos pela contribuição para a coquetelaria com um dos cocktails mais saborosos criados na época e um clássico (quem diria!) em menus até hoje.
PROTAGONISMO: ABSOLUT CITRON
Grande parte dos Cosmos servidos na atualidade contam com um ‘plus’: a vodka Absolut Citron, segundo produto flavorizado da marca sueca. Recém-chegada ao mercado norte americano, ela encantou os bartenders com alguns sabores que combinavam com drinks servidos na época. A primeira delas, Absolut Peppar, veio para integrar a receita do Bloody Mary, por exemplo.
Em sueco, “citron” significa limão e assim foi lançada, em 1988, a nova Absolut saborizada, logo abraçada pelos bartenders. Com gosto suave e delicado, a presença frutal e refrescante da fruta e uma nota de casca de limão, consagrou-se como o flavor de Absolut mais consumido no mundo.
TAÇA COCKTAIL
O momento particular da história da coquetelaria em que o Cosmopolitan foi realmente criado diz muito sobre sua apresentação. E, claro, sobre o copo utilizado para servi-lo.
Os anos 80 ficaram marcados pelo uso de copos e bebidas extravagantes.
Os bares da época, ao invés de investirem em drinks equilibrados e finos, em sua maioria, abusavam dos mixes, xaropes e sucos industrializados. Daí a cor avermelhada de muitos Cosmopolitans.
Isso pode fazer que pode fazer com que você reflita: “a taça cocktail é um copo extravagante?” Sim, muito embora seja clássico.
Fato é que a taça não é fácil de manusear e beber, já que com qualquer movimento pode fazer com que você derrube o cocktail. Agora junte a taça e o drink colorido com guarnição. Voilá! Anos 80!
O uso deste copo para o Cosmopolitan também é uma preferência dos clientes da época, segundo Cheryl Cook.
LIMÃO OU LARANJA?
A função do garnish vai além da decoração de um cocktail. Seus óleos essenciais ou sabor acrescentam aroma à bebida, e no caso do Cosmopolitan não é diferente.
Use o limão tahiti quando seu bar não tiver vodka saborizada, para ressaltar o componente ácido da receita.
Optar pela laranja faz sentido quando se usa Absolut Citron e suco de limão, porque tentamos equilibrar o dulçor do triple sec, já que está em menor proporção na receita.
DEGROFF E O FOGO NA CASCA
Flambar os óleos do zest ou twist de laranja também é uma possibilidade. Quem utilizou pela primeira vez a técnica de flambar o garnish no Cosmo foi Dale DeGroff no Rainbow Room (aquele mesmo no qual Madonna foi clicada com o drink), e muitos o pediam só pra ver a casca fazendo a mini explosão. Então se você trabalha em um american bar, tenha um isqueiro por perto porque a pequena pirotecnia atrai a curiosidade dos clientes desde então. Obviamente a prática não é meramente estética, mas tem a função de caramelizar os açúcares que se desprendem da casca junto com os óleos essenciais.
Confira a receita mais conhecida deste ícone da coquetelaria ou, digamos, aquela que está inscrita nas ‘tábuas da lei’ da International Bartenders Association:
Cosmopolitan
INGREDIENTES
40 ml de Absolut Citron
15 ml de triple sec
30 ml de suco de cranberry
15 ml de suco de limão
MODO DE PREPARO
Numa coqueteleira com gelo, adicione todos os ingredientes, bata vigorosamente e sirva numa taça cocktail previamente resfriada. Guarneça com uma casca de laranja (N.E.: ou limão, ou rodela de limão, ou nenhuma das anteriores).
One commentOn Cosmopolitan: jovem clássico americano
maravilha,,, tenho que aprender muito ainda
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