⍟ Bartender do Rio de Janeiro envolveu a plateia de sua primeira grande competição mundial com apresentação baseada nos filmes do Star Wars
Publicado em 14 de novembro de 2017, às 11h.
O World Cocktail Championship (WCC), competição mundial da International Bartenders Association (IBA), realizada no mês passado na Dinamarca, é dividida em duas competições antes da etapa final. A primeira delas é a de coquetelaria clássica, em que o brasileiro Rogério Rabbit representou o Brasil. Paralelamente, acontece também a competição de flair bartending, em que o barman Michell Agues foi o finalista brasileiro. Este ano, o grande prêmio do WCC foi para o austríaco Mario Hofferer.
Entre 44 competidores de flair do mundo todo, o vencedor foi Chun-Shen Chen de Taiwan. Mas para Michell a classificação não era o mais importante. Há 12 anos atrás do balcão, ele tinha como um dos objetivos de sua carreira chegar ao primeiro lugar de uma competição mundial da IBA. A participação no WCC deste ano foi o primeiro passo nesta caminhada.
“O universo por trás do balcão me encantou de diversas formas. No flair eu vi uma maneira de me diferenciar dos outros bartenders que trabalhavam comigo. Comecei a treinar ouvindo o que até hoje algumas pessoas ouvem, que ‘isso não vai dar em nada'”, lembra. O WCC deste ano foi sua 25ª competição e, mesmo com toda a experiência adquirida, afirma que precisa continuar se aprimorando. Atualmente, Agues trabalha como professor de coquetelaria, instrutor na Flair Rio Academy, mixologista da Monin Brasil e consultor de bares.
Antes de chegar no WCC, Agues teve a oportunidade de competir em outros países da América e Europa. No total, foi campeão de 12 torneios, o mais recente deles em Fortaleza, o Brazil Flair Show. Além disso, foi vice-campeão do Panamericano de Bartenders deste ano em Punta Cana, na República Dominicana. “Essa foi a melhor colocação de um flair bartender brasileiro na história da competição!”, comemora.
Agues conseguiu o patrocínio da Joe Drinks Open Bar para ir à Dinamarca. “Eles pagaram a minha passagem e isso me deu mais tranquilidade para treinar”.
GUERRA NAS ESTRELAS NO WCC
No campeonato, o mundial de flair aconteceu antes das etapas de coquetelaria clássica. O ambiente que poderia ser naturalmente pesado pela rivalidade entre os participantes, na verdade foi de companheirismo e troca de experiências.
“Eu consegui aprender bastante com outros competidores. Pude conversar muito com eles e ouvir coisas incríveis. Todas as conversas eram muito naturais, não senti em nenhum momento rivalidade entre nós. O apoio entre todos era muito mais notório do que qualquer outro sentimento ou atitude”, explica. O clima da competição foi inigualável, segundo ele.
Michell Agues escolheu o universo de Star Wars como tema para sua apresentação. Um dos itens de avaliação do mundial é o showmanship, que pode ser apenas a postura do bartender no palco ou sua caracterização. Para isso, ele contou com a ajuda de um colega fantasiado de Darth Vader e música temática como uma homenagem à série de filmes.
“Eu escolhi o Star Wars não apenas por gostar. Minha esposa Carol me apresentou melhor a série há pouco tempo e justo esse ano, completou 40 anos”. Veja abaixo a receita completa de sua criação, Dark Side.
Dark Side
INGREDIENTES
45 ml de bourbon whiskey
22,5 ml de suco de limão tahiti
2 dashes de aromatic bitters
15 ml de xarope puré pêssego
7 ml de xarope Monin Brownie
Chocolate amargo de Copenhague
MODO DE PREPARO
Adicione todos os ingredientes a uma coqueteleira com gelo e misture-os. Coloque a mistura em uma taça vintage e guarneça com uma fatia de chocolate amargo de copenhague.
FLAIR EM ASCENSÃO
Lançar as coqueteleiras e garrafas para o alto em uma coreografia não é novidade, mas ainda é um estilo bastante discutido no Brasil. Para Agues, a maioria dos bartenders já faz flair, mas não têm consciência disso. O caminho é o estudo e a profissionalização. “O país já viveu bastante o flair, mas infelizmente, como em muitas áreas, tivemos profissionais despreparados. Falta entender melhor para dizer quem faz flair ou não!”.
Aos flair bartenders que desejam buscar seu espaço em competições dentro e fora do Brasil, Michell Agues dá um conselho: “espero que entendam que competição não é uma briga de quem manda mais no palco ou foi melhor que alguém”. Para ele, a motivação para competir não se limita à vitória.
“A ideia é que você vença os seus limites, mesmo que esses sejam em menor nível. Devemos pensar que o público que está assistindo também está se divertindo, e o nosso trabalho no bar é totalmente ligado a uma experiência de entretenimento. Faça o seu show e divirta-se!”.